O presente trabalho de graduação na área de arquitetura e
urbanismo tem como proposta, a criação de projeto para o Parque Municipal Vale
do Itaim, na cidade de Taubaté,
considerando que o mesmo já existe, porém em razão
da falta de projeto e visão arquitetônica e urbanística, não oferece recursos mínimos necessários a um
parque, e aos seus usuários, estando, por tempo em desacordo com suas funções primordiais. Taubaté, situada no cone
leste paulista, com cerca de 280.000 mil habitantes, caracteriza-se pelo seu
folclore, cultura e história. Ao
analisar urbanisticamente a evolução da cidade verifica-se que ela cresceu de
forma desordenada e não utilizou suas
áreas verdes com devidos propósitos, tendo uma deficiência de infra estrutura
para os parques existentes. Este trabalho tem como objetivo propor um projeto
para o Parque Municipal Vale do Itaim, tornando-o acessível principalmente para
a população do seu entorno, oferecendo-lhe infra estrutura básica para sua
ocupação e utilização de seus recursos, além de áreas de preservação da fauna e
flora. A proposta esta embasada no
entretenimento, lazer, cultura e conhecimento objetivando a qualidade de vida
da população mais próxima e demais áreas
adjacentes, bem como na preservação da
área que hoje se encontra degradada e sem a utilização devida.
O Parque Municipal Vale do
Itaim
O Parque Municipal Vale do Itaim em Taubaté, São Paulo,
localizado na Avenida São Pedro nº: 2000, correspondente
a uma área de 1.706.665,58 milhão de metros quadrados. A proposta inicial do
parque contava com: “Espaço de Educação
Ambiental da Mata do Itaim”, mirante, Casa de Lobato (Réplica do Sítio do
Pica-pau Amarelo), brinquedoteca, teatro para 144 pessoas, Casa do Jeca Tatu e
Fazenda do Tropeiro, uma estrada férrea, ginásio de esportes radicais e oficina
de plantio de mudas nativas.
Histórico do Parque
O Parque inicialmente era
uma fazenda que pertencia à família Cembranelli. Historicamente esta área
passou por varias transformações, decorrente do cultivo do café, da formação de
pastagens para o gado e recentemente, da expansão urbana, com obras de
terraplanagem e de ruas para um loteamento aberto de forma clandestina. O Loteamento foi embargado e após houve a
transformação em parque municipal,
decisão esta, decorrente de acordo entre prefeitura municipal de Taubaté e a
Promotoria Publica Estadual para efeito de compensação ambiental
de obras públicas; porém a degradação herdada e as novas intervenções
promovidas pela prefeitura sem o devido planejamento, também comprometeram a qualidade ambiental da área, resultando
em cenário bastante degradado, onde predominam encostas e morros
desmatados e cobertos por
pastagens, estradas abertas e morros
cortados, com presença de processos erosivos,
assoreamento dos córregos, aterramento em áreas de várzea e remanescentes
vegetais importantes, queimados em
incêndios criminosos. O Parque teve como objetivo a função de preservação,
lazer, recreação, onde as estruturas foram feitas para reproduzir o Sítio do
Pica – Pau Amarelo, tendo também função educativa.
O
local, em termos de relevo é uma colina em forma de tabuleiro, estando em um
local de encontro da colina com a várzea e em termos de vegetação é de Floresta
Estacional Semi Decidual.
Escolha do local e motivo
da proposta
Criado oficialmente em 2006 o Parque Municipal Vale do
Itaim, na cidade de Taubaté – SP, encontra-se em diferentes níveis de
degradação decorrentes do uso histórico e pelas transformações promovidas com a
criação do parque sem os cuidados necessários com sua conservação e
preservação, focando apenas os aspectos culturais. Adicionalmente parte do
parque esta cercado por áreas urbanizadas como Jardim Sonia Maria, Jardim
América, Chácara Silvestre e pelo CAVEX - Comando de Aviação do Exercito.
A Proximidade com alguns bairros tem gerado conflitos entre
as atividades urbanas como invasões, incêndios criminosos e problemas
relacionados a falta de segurança aos usuários.
Assim é urgente e necessário o estudo e o planejamento do
parque visando à ordenação de suas atividades, a recuperação ambiental das
áreas degradadas e a preservação dos seus importantes remanescentes de Mata
Atlântica e Cerrado.
Hoje, todas as ações de planejamento, recuperação ambiental
e infraestrutura dependem de recursos financeiros municipais. Uma das
possibilidades que podem resultar em menor oneração ao município é a obtenção
de recursos externos, mas a atual identidade jurídica do parque dificulta o recebimento das principais fontes
existentes. Como o parque não esta classificado como UC (unidade de
conservação), conforme regras estabelecidas pelo Sistema Nacional de Unidade de
Conservação, SNUC, conforme a Lei nº 9985 de 18 de junho de 2000, não pode
receber recursos advindos de compensação ambiental e multas por infrações
ambientais. Dessa forma, não tem prioridade no recebimento de fundos ambientais
(FNMA,PDA/MA etc).
Frente a essa situação, evidencia-se a importância da
inserção do parque municipal Vale do Itaim como UC (unidade de conservação),
como uma das formas de possibilitar sua recuperação ambiental, garantir sua
sustentabilidade econômica visando acima
de tudo que o parque ofereça uma área bem equipada e segura, que venha de fato servir à população.
Levantamento do Parque
O
Parque Municipal Vale do Itaim é atualmente uma grande área verde do município
de Taubaté, que pressupõe funções recreativas, educativas e de lazer. Foram
avaliados o funcionamento, estrutura, preservação, solo e vegetação local.
Este foii idealizado para representar o Sitio do pica-pau
amarelo, legado do escritor Monteiro Lobato e apresenta atrativos voltados
principalmente para essa finalidade; Conta com o
“Espaço de Educação Ambiental da Mata do Itaim”, mirante, Casa de Lobato
(Réplica do Sítio do Pica-pau Amarelo), brinquedoteca, teatro para 144 pessoas,
Casa do Jeca Tatu e Fazenda do Tropeiro. Além disso, o parque possui uma
estrada férrea, ginásio de esportes radicais e oficina de plantio de mudas
nativas. A maior parte dos atrativos estão desativados ou fechados por falta de
manutenção, vandalismo ou incêndios criminosos.
A
vegetação atual do parque, que ainda permanece viva são: Ipês-amarelos, vermelhão,
tamanqueira do cerrado, comunidade de espécies do cerrado, aceiro e pomares.
Ainda existe dentro do parque uma área de vegetação nativa onde foram
constatados que existem pelo menos 64 espécies de aves. Atualmente o parque passa por levantamento feito por grupo de ornitólogos que trabalham em programa desenvolvido conjuntamente com a
Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Taubaté.
Entre
as espécies de aves que habitam o local estão andorinha-pequena-de-casa,
anu-branco, anu-preto, bico-de-lacre, canário do campo, coleirinho, coruja
buraqueira, garça azul, gavião caboclo, pica-pau de cabeça amarela, saíra
amarela, tiê sangue, tuim e urubu de cabeça vermelha.
A
situação atual é de falta de conhecimento e uso do mesmo, principalmente em
função da inexistência de atrativos, divulgação, dificuldades internas de acesso, da falta de segurança, da falta de
manutenção, organização e qualidade daquilo que é oferecido, entre outros.
O Projeto
O objetivo
desse trabalho é a criação de projeto para o Parque Municipal Vale do Itaim com
o intuito de estabelecer infraestrutura adequada, propiciando seu melhor uso
pela população do entorno e demais,
possibilitando lazer, entretenimento, cultura e a preservação. O projeto atinge
todas as faixas etárias e classes da população; prioriza a proteção da mata
atlântica existente e recuperação daquilo que já foi degradado, bem como a
proteção da fauna natural.
Em relação
aos equipamentos do parque, o projeto se sustenta na análise das necessidades da população focando
o lazer e a cultura, obedecendo a parâmetros como a disponibilidade de espaço
físico e as características do local como: porte, declividade, presença de
recursos naturais, entre outros.
A partir de
análise prévia, procurou-se elaborar
proposta de uso coletivo conduzindo para a organização dos espaços e um
plano de massas setorizando o uso de cada área, respeitando as características
do terreno e o programa estabelecido, nomeando os pontos de maior referência
para objetivos pretendidos. A área foi setorizada em: Zona A – Lazer e
contemplação; Zona B – Cultural e eventos; Zona C – Esportiva; Zona D –
Preservação e Zona E – Playground. Todos com acessos independentes, tendo cada zona sua portaria exclusiva, sendo o parque todo interligado
por uma linha férrea, com o trem Maria fumaça, com uma estação em cada zona
excetuando-se a Zona E.
Todos as
zonas contaram com sanitário masculino, feminino e sanitário para portadores de
necessidades especiais, bem como, deposito de material de limpeza (DML),
administração geral com almoxarifado, lanchonete, bebedouros, setor de
manutenção, coleta seletiva de resíduos, iluminação solar e elétrica onde
cabível, fornecimento de água da rede pública e captação de esgoto. Os setores
administrativos terão a comunicação interna através de sistema wi fi que também
estará disponível aos usuários e serviço de segurança 24 horas. Cada zona
também terá espaço para estacionamento e bicicletário.
Zona A – Lazer
e Contemplação
A Zona de
Lazer e contemplação, localizada na parte inferior do Parque, próximo ao Comando
da Avião - CAVEX, possuirá seu portal de
entrada e estacionamento para veículos,
motocicletas e bicicletas, dotados de segurança 24 h. No local, propõe-se um
grande playground para a recreação infantil, com brinquedos de polietileno, sobre piso de borracha, algumas ilhas de grama,
árvores e bancos. Nessa Zona também encontra-se espaço de contemplação para
descanso e reunião da família; Sobre o
lago está proposto a implantação de deck e também quiosques. No mesmo espaço estão implantados os bancos,
a lanchonete, a área de apoio administrativo geral com disponibilização de
bicicletas para locomoção e laser dos usuários, brinquedos infantis, viveiro de
mudas, jardins temáticos e sanitários\vestiários com fraldários. Contará também
com estação ferroviária que será
responsável pelo transporte da população de uma zona á outra do parque, com
exceção da zona E, que impossibilita a
chegada do trenzinho em função de declividade.
Também propõe-se
a implantação de pista de caminhada e ciclovia que percorrerá toda a extensão
do parque com devido arruamento.
Zona B –
Cultural e Eventos
Neste
local estão concentradas as atividades culturais e os espaços para eventos.
Localizada na parte superior do parque, sendo seu portal de entrada já
existente. De acordo com a topografia
que o local oferece, foi edificado, estrategicamente, um anfiteatro e uma
marquise de exposições, que servirá para abrigar exposições culturais, feiras,
festivais, workshops, entre outros Contará com um playground, sanitários, área
de apoio, lago, belvedere e quiosques e passarela.
Essa passarela servirá para o acesso dos usuários à área cultural. Contará
também com sua estação ferroviária.
Zona C - Área
Esportiva
A Zona C
encontra-se ao lado direito do parque, próximo á sede da Agronomia da Unitau;
foi estruturada para os equipamentos esportivos. O local conta com três quadras
de tênis, duas quadras de basquete, uma quadra poliesportiva, um campo de
futebol com pista de corrida e duas pistas de skate abertas. Conta com sanitários\vestiários,
área de apoio com fornecimento de material aos esportistas e usuários; conta
com lanchonete, área de manutenção e limpeza. Os equipamentos foram implantados
de modo a facilitar o acesso aos usuários
sem interferir nas outras áreas, pensando na acessibilidade e estudo de
iluminação. Possuirá sua portaria e estacionamento com segurança 24h e estação ferroviária.
Zona D –
Preservação
A Zona D
esta distribuída em 4 setores do parque, buscando a preservação da vegetação
local, dos remanescentes de mata atlântica e cerrado e propondo nova vegetação,
além de ser habitat natural dos animais que residem no parque. Com isso, a
proposta foi implantar árvores frutíferas para enriquecimento, servindo de
alimentação para os animais; vegetação
de mata atlântica, com gramado, forrações e arvores.
Todo o
perímetro do parque está cercado por alambrados delimitando-o e com isso
aumentando a segurança da área, como também ajudando na preservação e
manutenção. Os estacionamentos, cada um em sua zona, contara com entrada e
saída de veículos independentes e controlados
por guaritas.
Para o
acesso de uma zona á outra, optou-se pela implantação da linha férrea com trenzinho
maria-fumaça que interligará toda a extensão do parque e servindo de meio de
locomoção para a população\usuários e visitantes e ainda servindo de passeio
pelo parque.
No circuito principal, que conta
com o arruamento, ciclovia, pista de
caminhada, propõe-se uso de bloco de
concreto Intertravado para não impermeabilizar totalmente o solo ajudando assim
no escoamento e absorção das águas
pluviais. No entanto, ao lado haverá uma faixa de um metro de largura em concreto liso visando facilitar o
deslocamento de cadeirantes e carrinhos de bebê.
No
paisagismo propõe-se árvores de médio porte, arbustos e vegetação rasteira para
preservar as características do local e manter a natureza existente intacta.
Zona E – Playground
A Zona E,
é a área destinada principalmente aos moradores dos bairros próximos, por estar
localizada próxima às creches e escolas do Bairro Jardim Sônia Maria; foi
criada de forma a atender as necessidades de crianças e proporcionar
entretenimento a população sem a necessidade de se percorrer todo o parque.
Nesta zona estão o playground, sanitários, mini quadra de esportes e uma área
com quiosques, para descanso e lazer. Além de mesas para jogos, bancos,
lixeiras de coleta seletivas, postes de iluminação solar, ilhas de grama e
vegetação, arvores e portaria exclusiva
a esta zona.
Linha Férrea
Hoje já existente no parque
um circuito ferroviário que se encontra desativado por falta de manutenção . A
proposta então seria a integração da linha férrea como forma de locomoção
dentro do parque integrando as áreas setorizadas, exceto a zona E pela dificuldade
de acesso.
Ciclovias
Deverá
margear a linha férrea, porém separada fisicamente desta, tendo cerca viva limitando-a. Propiciará
passeios de crianças e adultos.
Deve
possuir delimitação e sinalização especifica.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A proposta
para o Parque Municipal Vale do Itaim na
cidade de Taubaté objetiva trazer para os munícipes a disponibilidade de usufruir com segurança e
infraestrutura adequada de um espaço já existente e em desuso, em razão da
falta de manutenção, segurança, atrativos, das dificuldades de locomoção interna,
da degradação ambiental, entre diversos outros motivos.
Após
estudos, constatou-se a carência de
espaço para entretenimento e a importância dos mesmos para a
população. As pesquisas e diagnósticos que
embasaram essa proposta apontaram para a necessidade de técnicas de melhor planejamento
e aproveitamento equilibrado dos recursos naturais existentes.
Ao longo
do trabalho, foi necessário conhecimento básico de normas legais vigentes,
avaliação das necessidades urbanas, do meio ambiente, do entretenimento e laser
da população, entre outros.
A
importância do arquiteto e do planejador urbano se fez presente em função de
sua ampla visão e capacidade de ordenação dos espaços de forma harmoniosa e
funcional, auxiliando na interpretação dos anseios da sociedade.
A
contribuição à formação profissional foi relevante à medida que se fez
necessário à pesquisa, o estudo e finalmente a decisão quanto ao que seria mais
proveitoso, sensato e eficaz dentro da proposição de um parque a seus usuários.
Ficou evidenciado
a importância de se incentivar a recuperação de obras e espaços públicos que
ressaltassem e valorizem as cidade, acolhendo seus munícipes.
A
idealização do projeto mostrou-se viável a partir das análises sobre a situação
atual do local, valendo-se de amplo trabalho de recuperação ambiental e setorização de espaços voltadas ao interesse
público.
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